10 abril 2018

Censura? Rede Globo orienta jornalistas a não declararem preferências partidárias nas redes sociais

   

Alguns dias depois de um áudio em que supostamente o jornalista Chico Pinheiro critica a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter vazado na web, e Rede Globo resolveu orientar os jornalistas da emissora a não declararem preferências partidárias nas redes sociais. 
Segundo o site “Notícias da TV”, um e-mail foi enviado a todos os profissionais do jornalismo, alertando que quando eles expressam publicamente as preferências políticas prejudicam a imagem da emissora.
No e-mail, o diretor geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, pede que os profissionais tenham cuidado com o uso das redes sociais. “O maior patrimônio do jornalista é a isenção. Na vida privada, como cidadão, pode-se acreditar em qualquer tese, pode-se ter preferências partidárias, pode-se aderir a qualquer ideologia. Mas tudo isso deve ser posto de lado no trabalho jornalístico. 
É como agimos. Daí porque não se pode expressar essas preferências publicamente nas redes sociais, mesmo aquelas voltadas para grupos de supostos amigos. Pois, uma vez que se tornem públicas pela ação de um desses amigos, é impossível que os espectadores acreditem que tais preferências não contaminam o próprio trabalho jornalístico, que deve ser correto e isento”, diz um trecho do comunicado.
No texto, Ali Kamel também questiona a credibilidade de um jornalista que tem suas preferências reveladas. “Como entrevistar candidatos, se preferências são reveladas, às vezes de forma apaixonada? O mais grave é que, quando os vazamentos acontecem, as vítimas, com toda a minha solidariedade, dizem que foram mal interpretadas. Não importa, o dano está feito

A Globo é apartidária, independente, isenta e correta. Cada vez que isso acontece, o dano não é apenas de quem se comportou de forma inapropriada nas redes sociais. O dano atinge a Globo. E minha missão é zelar para que isso não aconteça”, escreveu o diretor geral.