12 maio 2018

Ferrou! Em áudios, assessora do PT cobra aluguel de sem-teto e anuncia despejo


Henrique Barreto/Futura Press
  Foto: Henrique Barreto/Futura Press

"Quem está aberto em abril, eu aconselho vir urgente acertar. Quem não vier, à noite estarei na porta. Nem se for 2h da manhã eu vou bater para cobrar".
"Senhores porteiros da rua Marconi: a Conceição, do 4º andar, o prazo dela acaba no domingo. A partir de segunda ela não entra mais no prédio, só se for para retirar as coisas".
As frases acima estão no grupo de WhatsApp de moradores e coordenadores do MMPT (Movimento Moradia Para Todos). A autora dos áudios é Ednalva Franco, líder do movimento que controla quatro prédios — na Bela Vista, na Mooca e no Centro (rua Marconi e Capitão Salomão).
Filiada ao PT desde 1990, Ednalva Franco é assessora da deputada estadual Marcia Lia (PT-SP) e conhecida ativista sem-teto de São Paulo. É Ednalva que aparece num episódio de 2013 do Profissão Repórter saindo com uma SUV nova da garagem de um prédio na República.
"Porteiros, eu vou passar todos os nomes das pessoas que o prazo acaba até domingo. Inclusive a Luciana, do 309”", diz ela em outra mensagem do grupo. "Vou passar toda a lista pra vocês na portaria assim que eu terminar".
Depois que escrevi sobre o modelo de negócio dos líderes de movimentos sem-teto, na semana passada, ex-moradores me procuraram denunciando abusos, ameaças e a cobrança de aluguel de R$ 200 a R$ 500 por parte dos coordenadores.
"Além do aluguel, a coordenadora sempre inventa uma taxa nova para o pessoal pagar", me disse um ex-morador do edifício São Manuel, na rua Marconi, que não se identifica por temer represálias. Ele calcula que os alugueis só desse edifício rendem pelo menos R$ 35 mil por mês ao movimento.