26 julho 2018

Envelhecimento da população coloca aposentadorias em risco

Com mais idosos e menos jovens, bancar aposentadorias deverá ficar mais difícil

Com mais idosos e menos jovens, bancar aposentadorias deverá ficar mais difícil

Lalo de Almeida/Folhapress - 27.01.2009
Daqui a 13 anos, o número de pessoas acima de 60 anos deve superar pela primeira vez a quantidade de crianças e adolescentes (0 a 14 anos) no Brasil. O país continuará a assistir nas próximas décadas a um aumento da população idosa e a uma diminuição no número de jovens, o que exige políticas públicas a partir de hoje, segundo especialistas ouvidos pelo R7. Além disso, dizem, é necessária uma reforma no sistema de Previdência, porque o Brasil perde a cada ano sua capacidade de pagar as aposentadorias.

O demógrafo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Tadeu Oliveira explica que esse movimento populacional “está relacionado a alguns fatores, como a queda da fecundidade e o aumento da expectativa de vida”, uma tendência que vai permanecer nos próximos anos, diz.


Atualmente, o Brasil tem 12,4 milhões de pessoas acima de 70 anos, ou 5,9% do total da população. Em 2030, esse patamar será de 9% (20,4 milhões), o que significa mais pessoas na fila da aposentadoria.
“Isso só corrobora o fato de precisarmos fazer uma reforma na Previdência, porque teremos menos pessoas para contribuir e mais gente se aposentando. E quanto antes fizermos, melhor”, diz José Roberto Savoia, professor de finanças da USP (Universidade de São Paulo) e da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Isso acontece porque a maior parte das aposentadorias brasileiras — incluindo os benefícios pagos pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) — seguem o sistema de repartição: os trabalhadores da ativa contribuem com o sistema e bancam as aposentadorias dos inativos.

Por essa lógica, quando as gerações de hoje se aposentarem, suas aposentadorias dependerão das gerações futuras. Mas, como revela o IBGE, o número de idosos vai dobrar no Brasil em 24 anos, num ritmo muito maior de crescimento do que o da população em idade para trabalhar.

“A capacidade de pagar benefícios ficará menor”, diz o economista Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.
— As transições demográficas sempre requerem planejamento, ou alguma geração vai pagar pelo desajuste da Previdência. Teremos que fazer este ajuste. Quanto mais demorar, mais difícil e sacrificante tende a ser o ajuste.