08 fevereiro 2020

Deportados dos EUA, brasileiros desembarcam em MG sem saber como voltar para casa

CONFINS, MG, 07.02.2019: BRASIL-CORONAVÍRUS - Chegaram na noite desta sexta-feira (7), em Belo Horizonte (MG), em um voo fretado pelo governo americano, mais uma leva de cerca de 130 brasileiros que foram deportados pelos Estados Unidos. Com isso, restam, pelo menos, 139 cidadãos do Brasil que se encontram detidos sob custodia do Departamento de Imigração e Alfandega (ICE, na sigla em inglês) dos EUA, todos eles com uma ordem final de remoção dada por um juiz de imigração daquele país. (Foto: Douglas Magno/Folhapress)
 O avião que trouxe mais uma leva de brasileiros deportados dos Estados Unidos pousou no Aeroporto Internacional de Confins (a 37 quilômetros de Belo Horizonte) às 23h40 desta sexta-feira (7).

A chegada ocorreu após quase um dia de viagem desde que Cleony Dias Lagasso, 25, deixou o local onde ficou detido com a mulher e a filha de três anos por 18 dias, no estado do Texas, na fronteira com o México.

A família desembarcou no Brasil a 3.223 quilômetros de distância de sua casa, que fica em União Bandeirantes, um distrito de Porto Velho (RO) sem dinheiro e sem nenhuma assistência à espera.

A gente não sabe o que vai fazer agora. Estamos tentando entrar em contato com a família. Pensamos que, chegando aqui, o governo tomaria uma atitude, diz ele.

Inicialmente, o Itamaraty havia informado que 130 brasileiros estariam no voo que chegou a Confins. No aeroporto, porém, o número de pessoas que deixou a área de desembarque parecia menor. Até a publicação desta reportagem, nem a Polícia Federal nem o Itamaraty responderam qual seria o número final.

Depois do desembarque segundo um funcionário do aeroporto que não quis se identificar, os brasileiros vieram, carregando apenas sacos plásticos onde se viam passaportes, celulares, fones de ouvido.

Os brasileiros ouvidos pela reportagem disseram que não foram algemados em nenhum momento. Segundo eles, as únicas pessoas com algemas no voo desceram em uma parada no Equador. Em janeiro, outro voo vindo dos EUA chegou a Minas Gerais com brasileiros deportados que relataram terem sido algemados pelos pés e pelas mãos.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou o uso das algemas, mas depois recuou, dizendo que não pediria a Trump para mudar o tratamento dado aos imigrantes.

O número de brasileiros detidos na fronteira EUA-México aumentou dez vezes entre outubro de 2018 e setembro de 2019, segundo o Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).

A política austera da gestão de Donald Trump contra imigrantes em situação irregular e a dificuldade de emitir vistos a pessoas nascidas no Brasil podem ter ajudado na escalada, de acordo com integrantes do Itamaraty ouvidos em dezembro.

O governo Trump solicitou formalmente ao de Jair Bolsonaro (sem partido) a autorização para fretar mais voos com o objetivo de deportar brasileiros em situação irregular de imigração. A prática não era comum entre os países. O Itamaraty diz que havia registro de outro voo em 2017.

com informações de yahoonotícias