25 agosto 2018

Papa diz que casos de abusos sexuais continuam 'sendo uma fonte de dor e vergonha'





Durante visita à Irlanda, o papa Francisco reconheceu neste sábado (25) sua "vergonha e sofrimento" ante o "fracasso" da Igreja por não haver combatido de forma adequada os casos de abusos sexuais do clero na Irlanda, diante de autoridades políticas e civis.
"O fracasso das autoridades eclesiásticas -bispos, superiores religiosos, sacerdotes e outros- em lidar adequadamente com esses crimes repugnantes, deu motivo justamente à indignação e continua sendo uma fonte de dor e vergonha para a comunidade católica. Eu mesmo compartilho desses sentimentos", declarou o pontífice.
Durante sua visita de dois dias, o papa quer "lembrar o papel fundamental da família na vida da sociedade e na construção de um futuro melhor para os jovens", segundo afirmou em uma mensagem de vídeo divulgada antes de sua chegada.
Seus discursos previstos serão analisados detalhadamente em torno da delicada questão dos abusos perpetrados pela Igreja irlandesa. O papa vai se reunir discretamente com vítimas de abusos sexuais neste fim de semana. Desde 2002, mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abusos sexuais por padres na Irlanda.
Na semana passada, o enorme escândalo de pedofilia no estado americano da Pensilvânia, levou o papa Francisco a divulgar uma carta sem precedentes aos 1,3 bilhão de católicos do planeta. A carta reconhece que a Igreja esteve a altura e que "descuidou e abandonou as crianças" e "o que pode ser feito para pedir perdão nunca será suficiente".
NÃO AO PAPA
À margem da visita do papa, estão previstas manifestações. Milhares de internautas irlandeses pediram no Facebook um boicote em massa ao papa e à missa de Phoenix Park.
Em Thuam (oeste), uma vigília será realizada em memória dos 796 bebês mortos entre 1925 e 1961 no albergue católico das Irmãs do Bom Socorro e que foram enterrados em uma vala comum.
"A visita do papa é muito dolorosa para muitos sobreviventes (de abusos). Desperta velhas emoções. Vergonha, humilhação, desespero, raiva", declarou Maeve Lewis, diretora da associação One in Four, que ajuda vítimas.
"É um fim de semana de emoções mistas", resumiu o ministro da Saúde da Irlanda, Simon Harris, no Twitter. "Para muitos, o entusiasmo [por ver o papa], para outros, um sentimento de dor", escreveu ele.

com informações de yahoonotícias