16 maio 2019

Ministério Público vê indícios de lavagem de dinheiro de Flávio com 19 imóveis

MP diz que a suposta fraude pode ter ocorrido para encobrir “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos” da Alerj. (Foto: Carl de Souza/AFP/Getty Images)
O Ministério Público do Rio de Janeiro, depois de pedir a quebra do sigilo bancário e fiscal de 95 pessoas relacionadas a Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), apontou indícios de que o senador utilizou a compra e venda de 19 imóveis no Rio de Janeiro para lavar dinheiro
As informações são da Revista Veja.
Entre 2010 e 2017, o então deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro adquiriu salas comerciais e apartamentos por R$ 9,3 milhões. No período, segundo a promotoria, Flavio Bolsonaro lucrou mais de R$ 3 milhões em transações imobiliárias em que há “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”.
No documento sigiloso, obtido com exclusividade pela Veja, o MP diz que a suposta fraude pode ter ocorrido para “simular ganhos de capital fictícios” que teriam como objetivo encobrir “o enriquecimento ilícito decorrente dos desvios de recursos” da Assembleia Legislativa do Rio.
Os promotores teriam descoberto elementos que indicam a prática de crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Flávio.
OS IMÓVEIS
A ação menciona a supervalorização de imóveis, como, por exemplo, um apartamento em Copacabana adquirido por R$ 140 mil no ano de 2012 e vendido quinze meses depois por meio milhão de reais. O lucro chega a 292%, entretanto, o MP informa que o índice Fipezap, utilizado no mercado imobiliário, a valorização de imóveis no bairro ficou em 11% naquele período.
O MP destaca também que de dezembro de 2008 e setembro de 2010, Flávio teria adquirido dez salas comerciais na Barra da Tijuca, por R$ 2,662 milhões. Um mês depois, em outubro de 2010, os imóveis foram vendidos a R$ 2,662 milhões para a empresa MCA Exportação e Participações.

O Ministério Público também aponta possíveis irregularidades na compra de duas quitinetes em Copacabana em 2012, no qual ele lucrou R$ 813 mil num intervalo de menos de um ano e meio. As transações tinham característica de lavagem de dinheiro, segundo os critérios do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Em novembro de 2012, Flávio adquiriu dois imóveis em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. Localizados em ruas pouco valorizadas do bairro, pagou um total de R$ 310 mil pelas duas unidades e as revendeu, um ano e três meses depois, por mais que o triplo do preço.

Os dois imóveis haviam sido adquiridos em 2011 pelos proprietários anteriores por um total de R$ 440 mil. Em pleno boom imobiliário na cidade, eles tiveram um prejuízo de 30% ao revendê-los ao senador eleito, segundo dados do 5º RGI (Registro Geral de Imóveis) da capital do estado.

O então deputado revendeu um imóvel em novembro de 2013 (por R$ 573 mil) e outro em fevereiro de 2014 (por R$ 550 mil). Somadas, as transações lhe renderam um lucro de R$ 813 mil -diferença entre os R$ 310 mil investidos nas compras e o R$ 1,12 milhão que recebeu com as vendas.

Os promotores enfatizam que um dos compradores envolvidos na transação de alguns dos imóveis é a Listel S.A., empresa com sede no Panamá, um paraíso fiscal. A partir disso, o Coaf considera que existam “sérios indícios” de lavagem de dinheiro.
A quebra dos sigilos foi solicitada após um relatório do Coaf ter apontado movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária de Fabrício Queiroz, apresentado como motorista de Flávio. A derrubada dos sigilos também atinge um total de 86 pessoas e nove empresas e é o primeiro passo judicial de investigação.
Além do volume movimentado na conta de quem era apresentado como motorista de Flávio, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo, em data próxima do pagamento de servidores da Assembleia, onde Flávio foi deputado durante 16 anos (2007-2018).
com informações de yahoonotícias