26 abril 2020

investigação sobre Carlos explica ingerência de Bolsonaro na PF, dizem parlamentares

***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 17.04.2020 - O vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair, durante cerimônia de posse do médico Nelson Teich como novo ministro da Saúde. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
A investigação da Polícia Federal que identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) como um dos articuladores de esquema criminoso de fake news explica por que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) queria trocar o comando do órgão, afirmam parlamentares.
A informação envolvendo o filho 02 de Bolsonaro está em inquérito sigiloso que corre no STF (Supremo Tribunal Federal). Conforme revelou reportagem da Folha, Carlos é investigado sob a suspeita de ser um dos líderes de grupo que monta notícias falsas e age para intimidar e ameaçar autoridades públicas na internet.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), irmão do vereador, também é um dos alvos da PF. O inquérito foi aberto em março do ano passado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, para apurar o uso de notícias falsas para ameaçar e caluniar ministros do tribunal.
A notícia vem à tona um dia depois de o ex-juiz Sergio Moro pedir demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em sua despedida, o ex-ministro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal ao pressionar pela saída de Maurício Valeixo do cargo de diretor geral.
Autor de um pedido de impeachment com base nas denúncias de Moro, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder da oposição no Senado, afirma que a investigação sobre Carlos explica a insistência do presidente em trocar Valeixo e superintendentes regionais da PF.
Para o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ), fica cada vez mais claro "que as investigações criminais estão chegando no entorno do presidente, incluindo seus filhos, e por isso ele tenta, desesperadamente, interferir nelas", disse.
"É lamentável que sejamos obrigados a enfrentar isso em vez de dedicar todo o nosso esforço contra esta pandemia que tira a vida de milhares de brasileiros."
Já a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), ex-líder do governo, afirmou que a Polícia Federal provou que os dois filhos do presidente estão "ligados até a medula com a quadrilha de fake news do Brasil".
"Todos nós que fomos mais próximos ao presidente pedimos várias vezes que ele segurasse seu filho nessa série de crimes cometidos inclusive contra pessoas de dentro do próprio governo", afirmou a deputada. "Espero que a polícia continue fazendo seu trabalho e que esses criminosos paguem na cadeia por aquilo que fizeram."
Ex-aliado de Bolsonaro, o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) acusou Carlos de ser "um vereador que não exerce o seu mandato e suga o dinheiro público". "A principal ocupação e especialidade dele é criar narrativas para destruir reputações e manter o plano aloprado de poder da família Bolsonaro através do gabinete do ódio".
com informações de yahoonotícias