A economia italiana atravessa um bom momento, com índices de crescimento e previsões otimistas depois da severa recessão de 2012 e 2013, mas a situação poderá se reverter depois das eleições legislativas deste domingo. Pela primeira vez em sete anos, a terceira maior economia da zona do euro se expandiu: o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou 1,4% em 2017.
Esse resultado, entretanto, está abaixo da média da Europa, de 2,5%, e muito longe do registrado em 2008, de 5,7%. Para economistas, o ponto fraco da Itália é seu nível de produtividade, entre os mais modestos da Europa, devido a uma série de fatores, entre eles a falta de crédito, problemas de capacitação e clima pouco favorável para os empresários.
Embora o "Made in Italy" seja líder em muitos setores, como moda e design, os políticos italianos não se destacam por suas estratégias, afirma Alessandro Iliprandi, gerente da Bonaudo, empresa especializada em couro, setor-chave para o país, responsável por 65% da produção europeia.
- Empregos precários -
"Por décadas reinou a instabilidade política" e isso afeta "a vida dos empresários de forma negativa", garante ele.
Entre os maiores obstáculos que devem ser superados diariamente, estão "a burocracia, a lentidão da Justiça e sobretudo os altos impostos", resume Iliprandi.
O mercado de trabalho é mais flexível agora graças à reforma trabalhista de Renzi, chamada Job Act, que facilita demissões e criou bonificações nas contribuições sociais para empresas que fazem contratos estáveis.
Por ora, ainda é difícil medir seu verdadeiro impacto. Renzi garante que, graças à reforma, foram criados 1 milhão de empregos. Mas, para os sindicatos, são vagas precárias. Também teme-se que tenham sido autorizados abusos no setor trabalhista.
Para Roberto Pirotti, professor da Universidade Bocconi de Milão, trata-se de uma reforma "valente e útil" para um país com uma taxa de desemprego de 10,8%, e de 32,2% entre os jovens de 15 a 24 anos, muito acima da média dos países da zona do euro.
- Plano industrial 4.0 -
O imposto sobre lucros corporativos foi reduzido na Itália de 27,5% para 24%. Apesar de ser uma taxa mais baixa que a da França (33,3%), está acima da do Reino Unido (19%) e muito longe dos 12,5% da Irlanda, ou dos 9% da Hungria.
Giovanni Lombardi, diretor da empresa de consultoria Tecno, especializada em economia de energia, acredita que o plano industrial 4.0 lançado em 2016 pelo governo, "encoraja as empresas a investir em digitalização e automatização".
"O mercado está completamente polarizado: as empresas que não investiram em inovação e novas tecnologia estão por fora, enquanto as que o fizeram galopam", conta.
Nobile teme que o próximo governo, independentemente de quem vencer, não continue a tocar as reformas, como a simplificação da burocracia.
Diante da incerteza política com as eleições e da possibilidade de que o país viva longas negociações para formar o próximo governo, muitos consideram que se corre o risco de perder a confiança dos mercados e das finanças.
com informações de yahoonotícias