24 agosto 2019

Pressionado e desautorizado, Moro não tomará iniciativa de pedir demissão





Foto: Reuters/Adriano Machado   


Pessoas que convivem com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmam que o ex-juiz não pretende se demitir, mesmo com as derrotas e desautorizações públicas vindas do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Caso queira ver Moro fora do governo, o chefe do Executivo deverá tomar para si o desgaste de exonerar seu ministro com maior apelo popular. As informações são do jornal O Globo.

Fontes disseram ao jornal O Globo que, pensando na reeleição em 2022, Bolsonaro quer evitar ser ofuscado pelo ex-juiz. Por isso, tem feito declarações que os interlocutores consideram “excessivas”.

Confira algumas delas:
  • DECRETO DE ARMAS
Os atritos já começaram no primeiro mês de governo, quando Bolsonaro editou os decretos que flexibilizavam a posse e o porte de armas no país sem consultar o ministro da Justiça. Moro se  mostrou desconfortável com a decisão, dizendo que o armamento da população não é uma política de segurança pública.

  • NOME DE ILONA SZABÓ
Em fevereiro, Sergio Moro nomeou a cientista política Ilona Szabó para o cargo de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Ela, que já se posicionou a favor da regulação das armas e da reforma da política de drogas do governo, imediatamente se tornou alvo de uma onda de ataques online por parte de apoiadores do presidente. Dois dias depois da nomeação, um telefonema de Bolsonaro obrigou Moro a demiti-la.

  • PACOTE ANTICRIME
O pacote anticrime de Moro é o principal projeto do ministro. Dentre outras medidas, o texto torna mais abrangente a definição de terrorismo e aumenta a pena máxima de prisão. Até agora, Bolsonaro não demonstrou o apoio esperado ao pacote, que já sofreu diversas alterações na Câmara dos Deputados. O presidente chegou a sugerir que Moro “desse uma segurada” no projeto para não causar “turbulência” às reformas propostas pelo governo.

  • COAF
Apesar do discurso de Moro de que a manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Justiça era essencial para o combate à corrupção, a Câmara dos Deputados decidiu, com o aval de Bolsonaro, que o órgão deve voltar para a pasta de Economia. O presidente também incentivou a demissão de Roberto Leonel, indicado de Moro para chefiar o Conselho.

  • MUDANÇAS NA PF
Na última quinta-feira , Bolsonaro declarou que pretende mudar o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Ele já havia anunciado a substituição do superintendente da PF do Rio de Janeiro. A decisão foi vista como uma interferência do presidente, já que a instituição é vinculada ao ministro da Justiça e Segurança Pública. “Se eu não posso trocar o superintendente, eu vou trocar o diretor-geral”, afirmou o presidente em entrevista coletiva.